Aquilo não podia ser boa coisa. Não mesmo. Aquela sensação tão... Estranha... Tão... “Forte”... Eu sentia que alguma coisa estava para acontecer, mas o que? O que poderia ser tão ruim assim que eu pude sentir ao tocar a aura de Lucario? Com certeza era algo tipo o Fim do Mundo! Vasculhei minha mente para me lembrar do que acontecia exatamente no momento deste incidente. Pensei, pensei, pensei até que me lembrei de ter ouvidos gritos. Eram gritos de agonia. Um barulho de chamas ardendo e pilhas e mais pilhas de madeiras caindo... Foi exatamente o que Lucario havia me passado, e isso me deu a impressão de que o mundo estava para acabar.
– V-você está bem? - Dia estava preocupado.
– E-eu... Eu tô sim...
Mas... Eu... Eu preciso ir atrás daquele Lucario!
– Mas... Espera aí!
Platinum! Platinum!
Corri. Corri mesmo.
Corri mais que um Linoone em linha reta, deixando meus amigos pra trás. Movida
por aquele sentimento, por aquele “medo”, corri atrás do cientista sem pensar
nas consequências. Eu estava perdendo o meu Contest, mas não podia perder o meu
querido Planeta Pokémon. Eu não suportaria vê-lo sendo destruído. Tive que
correr. Eu tive que ir atrás. Era o necessário.
– Ei!
– Desculpe! - Parece
que saí atropelando tudo e a todos. Mas não importava. Aquela agonia estava
cada vez mais forte. Eu sentia mãos envolvendo e apertando meu pescoço e assim
que eu passava por certos lugares eu podia ver imagens deles sendo destruídos
até que tudo se apagava e voltava ao normal. Parecia que eu estava recebendo
imagens do futuro.
– Ora, ora! Se não é a
Platinum! Onde estão seus amigos?
– Eu não tenho tempo
pra isso, Hugo! – Vitor Hugo Diaz era o rival de Pearl. Os dois eram muito
diferentes e por isso estavam sempre brigando – Você não viu um homem com um
jaleco ao lado de um Lucario?
– É, eu vi. Eu tentei
batalhar contra ele, mas ele me disse que estava com pressa e foi correndo para
a Torre da cidade! Ele me disse para eu tomar cuidado!
– Essa não! Tenho que
ir!
Sai correndo mais
ainda. Aquilo não podia estar acontecendo. O que se passava? Por que só eu via
enquanto todo mundo estava cego? Aquilo era confusão de mais para mim. Eu senti
que não podia deixar meus amigos não mão. Pensei em voltar. – E agora? Será que
eu vou ou fico? – Resmunguei. – Não! Eu
vou! – Segui em frente, continuando minha trajetória até a torre da cidade, que
já estava bem perto...
Soltei meu Pokémon
inicial, Piplup. Ele era um pokémon-pinguim bem pequenino, mas igualmente forte
a um Charizard.
– Piplup, eu preciso
que me ajude achegar naquela torre o mais rápido possível! Use Whirlpool em mim!
– Pip?
– Por favor, Piplup! É
para o nosso próprio bem! Agora...
Use Whirlpool!
– Piiip... Lup!
O pokémon cria uma
redemoinho de água e o lança sobre meus pés, me impulsionando com uma onda
gigante, que me levara em segundo pra dentro da torre. E lá estava o cientista.
– Volte Piplup!
– O que está fazendo
aqui, garotinha? – Finalmente achei o cientista. Ele era um cara alto, magro, jovem, loiro, com um grande topete azul que envolvia sua cabeça. Seus lindos olhos amarelos estavam por trás de óculos de grau e suas mãos, cobertas por luvas brancas. Imediatamente, olhei para ele e respondi:
– O que você fez?
– Hã? – Ele ficou
estranho! Não entendia o que estava acontecendo...
– Lucario? O que você
fez?
O braço do homem
começou a se mexer e a pokébola na mão dele, começou a disparar uma rajada
brilhante, que logo se transforma em um grande pokémon com aparência canina.
Era Lucario.
– Lucario? - O
cientista ficou surpreso.
– O seu pokémon me
enviou cenas de uma possível destruição do mundo! Eu tive que vir atrás. Sabia
que aquilo não era uma simples alucinação. Era uma premonição!
– Lucario... Aff! Está
bem! Vou contar tudo desde o início. Eu primeiro lugar, meu nome é Austin!
– O meu nome é Dawn,
mas todos me chamam de Platinum!
– Muito bem. Temos
pouco tempo, então, vou contar o que está acontecendo da forma mais rápida o
possível, ok? – Ele não me deixou responder – Bom, há muito tempo atrás um
pokémon lendário chamado Dialga ficou encarregado de cuidar do tempo. Desde
então, o tempo tem mantido certas linhas cronológicas que vem seguindo um mesmo
padrão, só que esse padrão está se alterando a cada segundo. Alguma coisa está
acontecendo com o nosso tempo e, obviamente, está mexendo com o Espaço também.
– Dialga? Mas... Ele...
É uma lenda!
– Não mesmo! Estudos
recentes provaram que os orbes de diamante e de brilhante podem invocar Dialga
e Palkia, os pokémons responsáveis pela “manutenção” do espaço-tempo de todo o
mundo. Se um deles sair de controle, o outro sai também e uma grande guerra se
inicia entre os dois “polos”. Se isso
acontecer, todo o universo desaparecerá.
– E-eu... Nunca pensei
que isso pudesse acontecer!
– Pois é, e é por isso
que temos que impedir que Dialga perca o controle.
– Mas... Como faremos
isso?
–Temos que invocar
Dialga para sabermos o que está havendo, só que... A localização atual do orbe que invoca este
lendário é desconhecida!
– Acha que tem algo a
ver com a Equipe Galáctica?
– Não... Eles são
mantidos em segredo pelo governo, por isso todo mundo acha que os tais orbes
nunca existiram ou que a lenda do espaço-tempo seja algo inventado pela
religião! Muito pelo contrário! Tudo isso é real!
De repente, um alarme
toca. O fluxo do tempo foi alterado de novo! Senti medo, não sei se pelo susto
do alarme disparando ou se foi pelo que está por vir, medo do desconhecido.
– Os gráficos nunca
estiveram tão elevados assim! Uma batalha pokémon e o planeta corre o risco de
ser tragado para outra dimensão!
– Essa não!
Enquanto isso, meus
amigos queridos estavam fazendo uma ”festinha” junto com seus pokémons. Eles
estavam batalhando...
– Munch...
Munchlax era uma
pokémon fofinho, peludo e meio gorduchinho que só sabia comer e dormir. Hoje
ele estava alegre e cheio de energia, algo raro de se ver.
– Bui!
Por outro lado, Buizel
era um pokémon durão. Um tipo água perfeito, que combinava força e poder em um
só golpe, sendo capaz de derrotar até o maior dos pokémons que aparecerem em
sua frente.
– Munchlax, use Focus Punch!
Munchlax puxa um soco
muito poderoso, focalizando toda a sua energia em seu punho. Por pouco o golpe
não acerta a cara de Buizel, que se desvia em uma velocidade incrível.
– Buizel, use Sonic
Boom!
Buizel dá um salto,
energiza sua cauda com energias sonoras e a joga contra o ar, disparando uma
bomba sônica muito poderosa, que acerta Munchlax com tudo, formando uma cúpula
de fogo, que encobre o pokémon dorminhoco.
– Munchlax? Você está
bem?
– Munch -- @-@!
Ele havia sido
derrotado. Graças a Deus. A batalha chegou ao fim.
Droga. Aggron era o
Pokémon mais poderoso de Diamond e também um pouco... Nervosinho. Ele só
obedecia quando queria e saía destruindo tudo por aí. Ele era perfeito para
adiantar a nossa execução. Mas, para a minha sorte, ou melhor, para a nossa sorte, eu enviei um pokémon parar
impedir que ninguém batalhasse...
– Buizel, Aqua Jet!
– Olha! É a Vespiquen
da Platinum! Será que ela tá bem? – Diamond conheceria meus pokémons em
qualquer lugar do mundo, afinal, ele, além de treinador, era um ótimo criador e
sempre cuidava dos pokémons dos outros, e isso incluía o Pearl e a mim.
– Não sei... Tem algo
de errado! Ela parece estar tentando fazer a gente parar de batalhar! Por que
será?
– Ah, não deve ser
nada! – Mesmo sendo um ótimo criador, era um idiota, disso eu não tenho
dúvidas.
– Vesp! Quen!
Vespiquen começa a
formar uma esfera de energia em suas mãos, disparando-a contra o chão...
– Hã?
– Minha nossa! C-como
isso foi acontecer?
– E-era por isso que a
Vespiquen não queria que a gente batalhasse...
O piro tinha
acontecido. Mesmo que em uma pequena parte da calçada, era assustador. O mundo
estava desmoronando, se despedaçando. Uma fina camada de chamas azuis percorria
o chão, quando finalmente tudo começa a ficar da mesma cor...
– Tarde demais.
– Austin... Me
desculpa... Eu não pude impedir! Esses dois batalham todo santo dia como um
treinamento...
– Não foi culpa sua! É
o Dialga que está fazendo tudo isso!
– Mas... Se eu tivesse
conseguido impedir os dois...
– Mais cedo ou mais
tarde isso ia acontecer!
Olhei pela janela e vi
Diamond e Pearl pequenininhos, bem distantes, correndo em direção às chamas,
que estavam se espalhando pela cidade. O engraçado era que as chamas não
queimavam... Era uma coisa muito “mística”.
– Lucario, ajude
aqueles garotos!
– Luc!
Lucario corre pela da torre e
com uns movimentos marciais, ele cai de pé no chão, correndo em direção a Dia e
Pearl.
– P-porque você fez
isso?
– Eles estão
preocupados! Você não deu notícias e agora a sua Vespiquen aparece destruindo a
dimensão!
– Ah! Vespiquen... Onde
ela foi? Eu... Não a vejo em lugar algum!
Austin olha pela janela
e também não avista a pokémon-colmeia. Parece que ela sumiu mesmo.
– Vou ligar para o Dia!
– Ligue! Tem algo
acontecendo lá em baixo!
Olhei pela janela mais
uma vez e vi uma grande esfera se formando no centro da cidade. Ela era mais ou
menos do tamanho da torre onde estávamos. Devia ter uns nove ou dez metros de
altura.
– Está vindo! Boa
sorte, Lucario!
– Mas o que está
acontecendo?
– Dialga veio ao
planeta por conta própria!
– Meu Deus... Isso não
pode estar acontecendo!
– Acorde, minha
querida!
Ouvi uma voz distante e
de repente abri os olhos. Eu estava no Hospital e uma Enfermeira Joy que
atendia pessoas, me socorria. Não me lembrava do que tinha acontecido. A última
coisa que eu via em minha mente era o Austin gritando comigo. Ele perguntava se
eu estava bem, se não tinham me machucado... Mas eu acho que apaguei.
– Platinum! Que bom que
você acordou!
– Dia? Pearl?
– Cadê o Austin?
– Se está falando
daquele cientista... Ele... Está muito mal... Ele te trouxe para cá com suas
últimas forças...
– Ele... Morreu?
– Não, mas seu estado é
gravíssimo! Ele está na UTI, em coma! – a Enfermeira Joy olhou para mim com uma
cara triste, e continuou – Ele é um bom menino! Não podemos deixa-lo morrer!
– Essa não... Ei! E o
Lucario? Cadê?
– Lucario despareceu
junto com aquele monstro gigante!
– Peraí! O que é que tá
acontecendo? Eu não me lembro de nada!
– Dialga veio ao nosso
mundo! – Senti uma voz em minha cabeça, que latejava umas mil vezes por minuto.
A dor então começou a aumentar. Eu... Estava recebendo outra transmissão de
Lucario... A Aura dele entrou em contato com a minha de novo.
– Ah, meu Deus! Eu
tenho que sair daqui!
– Você tem que ficar de
repouso mocinha!
– Não há tempo!
– Você vai ficar aqui e
pronto! Bateu com a cabeça, pode ter acontecido alguma coisa ruim com você!
Agora, deite-se!
– Não mesmo! Eu
preciso... Eu preciso salvar o mundo!
– Dawn! Calma!
– Sai da minha frente!
Dei uma bofetada na cara de Dia, jogando no chão com tudo e passei pelos
garotos, saindo do quarto do hospital. Arranquei todos aqueles aparelhos que me
prendiam e pulei a janela. Caí do segundo andar, mas não tava nem aí. Eu
precisava trazer Lucario de volta!
– Que idiotas... Minhas
pokébola continuam comigo! Vespiquen?
– Vesp!
O pokémon vem voando
pra perto de mim. Lembrei que não tinha colocado ele na pokébola, mas não
pensei que ele estava tão perto assim para ouvir o meu chamado.
– Vespiquen? Leve-me
até a torre do Austin!
Ela me puxou com seus
braços e começou a voar, me levando junto. Dei as mãos para Vespiquen e me
senti muito segura durante o voo. Sabia que podia contar com meus pokémons...
– Engraçado... Não
consigo ver a torre...
– Vesp!
Quando chegamos ao
lugar onde ficava a torre, eu pude ver um monte de sucata, um pó grosso, de
cimento, e uma pilha de destruição. Concreto para todos os lados, blocos
inteiros de tijolos e vigas enormes deitadas no chão, em cima de lajotas,
telhas e de tudo o que estava por baixo do prédio. Olhei para o resto da cidade
e as chamas, ou melhor, luzes, engoliam edifícios inteiros, incluindo escolas,
lojinhas, centros pokémons, casas e até clubes de Poker, que eram a grande atração da cidade... Tudo, absolutamente
tudo havia sido engolido pelo fluxo do tempo e do espaço. Estava tudo fora de
ordem, como Austin tinha previsto. Em
breve, o planeta seria “tragado” para outra dimensão. Era inevitável! Dava para
ver isso. Só que eu tinha que impedir. Mas... Como?
Continua...
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